Vamos falar de amor
não vamos esperar as abelhas tombarem sobre as flores
e o que era viço virar túmulo.
Não quero a luz do sol ressequida
antes que eu possa beijar-te as pálpebras
e ver tuas sementes jogadas pelos campos
enquanto rimos dos redemoinhos de vento.
Eu te espero como sempre te esperei antes de te conhecer.
Quando ainda havia um lapso de tempo entre nós.
Vamos falar de amor
enquanto a primavera envelhece conosco
e tua língua seja a palavra viva, vermelha e densa
a tocar o último e único céu que me resta.
Vamos falar de amor
vamos falar dos meus braços abertos
e tua nudez semeada por tudo que mói o tempo.
Vamos falar de amor
do meu amor coberto pelas folhas amarelas
que a árvore de tua vida me empresta
para que eu enfrente meu inverno.
Eu te espero como sempre te esperei antes de te conhecer
como uma violeta que pende de um vulcão
eu me dispo do meu corpo
para tomar o teu como meu.